31 de janeiro de 2011


Os olhos pretos, já estavam cansados, os cílios superiores teimavam em se encontrarem com os inferiores. E ela mais do que nunca, com todas as suas forças, mantinha-os bem apertos. Estava tão perfeito agora, se ela resolvesse se entregar, inteiramente ao sono, tudo acabaria. Porque os pesadelos, viriam assombra-lá. E por mais que a realidade fosse cruel, dura, e doída, neste exato momento, todos os gestos, todos os sorrisos, todos os pensamentos eram melhores do que qualquer sonho. E esta realidade, esta verdade, era a melhor de todas. Ela só queria aproveitar esse segundo, esse momento. Porque o mundo parecia girar devagar, quase parando, as pessoas em volta, eram só borrões escuros, o que a fazia concentrar seus olhos no que realmente interessava. Ela teria o resto da vida para dormir, e o sono não era seu amigo de verdade. Ele nunca vinha quando ela precisava. Ele se escondia dela, e dava lugar, a insônia, as lágrimas, aos pesadelos, aos medos, e a insegurança. E agora, ela lutava contra ele, enquanto noite passada, clamava por ele. Ela lutava, e acabou vencendo. Continuou ali. Vivendo, guardando, cada segundo que corria. Parecia tão perfeito, tão lindo. E então, ela chorou. O seu coração estava tão bem, mas ela chorou.Porque sua razão acabara de dar-lhe um sermão. Ela chorou, e se perguntou porque a realidade não pode ser perfeita. Por que? Tudo fazia sentido, mas um único medo, e um detalhe, deixou a mal. Como ela gostaria de poder consertar tudo, de poder mudar. Ela queria poder dar o toque final, colocar o que falta. Tirar essa areia que lacrimeja seus olhos. Como ela gostaria de poder afirmar com toda a certeza, absoluta, que tudo vai ficar bem. E então, como em uma história de princesas encantadas, ela gostaria de ler o fim da sua. Onde teria o prazer de gritar com todas as forças, com todo o ar dos seus pulmões, que seria feliz para sempre. 
Ela se perdeu nas poucas lágrimas, se afogou nos sonhos, e o sono acabou vencendo-a. Ele veio, a dominou, e o momento acabou.Ela adormeceu, e teve sonhos. E agora, não se lembra de nenhum deles. Só consegue recordar, detalhadamente, com todas as cores, o momento do dia anterior. Ela o revê várias vezes, em câmera lenta. Pausa, e reflete, Continua vendo, e revendo. O tempo corre contra ela, mas não há nada o que ela possa fazer. Ela não escolheu nada disso, ela não escolheu nenhuma cor. Nada. Ela só pode afirmar, que tudo isso, é o melhor que poderia ter acontecido. Sim, o melhor. Sem dúvida alguma.

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